Há dias em que nada faz sentido. Suponho eu, que, afinal, é assim que deve ser.
Querer saber o motor e o propósito de todas as coisas, é uma ambição demasiado grande para quem se limita a deambular sobre a Terra. No entanto, quem prova o veneno da curiosidade e da poesia, sente a tormenta insaciável de querer ir mais além. A inquietação começa quando se toma percepção da pequenez da existência. Tudo o resto é infinito, logo, surge a questão do porquê de tudo isto?
O pecado da sabedoria foi a queda de Adão e Eva. Esse também é o destino daqueles que sonham, privados da doce dádiva que é a ignorância. Compreender que se tem sentimentos, dentro da fragilidade da pele, é o princípio da tormenta. Saber que o amor existe é ter noção que a melancolia também lá está. Conhecer os extremos, aqueles que tomam conta do ser, é tumultuoso.
Hoje nada faz sentido. Suponho eu, que, afinal, encontro uma certa paz nesta desorientação. Talvez seja por isso que perceba, que é a partir daqui que deva encontrar um rumo, entre todas as incertezas que compõem aquilo que sou. Talvez seja este o enigma da construção humana, da curiosidade à interrogação; duma suposta resposta à evolução. Equações feitas de cores, palavras e acordes que se propõem a ordenar um aparente caos.
Afinal tudo faz sentido. Quando despimos aquilo que julgamos saber, para dar lugar a novos propósitos e deixar que a história seja sempre um constante início…
2 comentários:
O caos é tantas vezes necessário para conseguir perceber o caminho.
E com perguntas seguir expandindo a alma para que nela possa caber mais mundo.
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