Nós, os melancólicos, encontramos a felicidade nos pequenos pormenores da vida. Não buscamos um apogeu de alegria pois sabemos que esta é efémera. Queremos apenas a simplicidade de um sorriso honesto.
Nós, os melancólicos, temos um fascínio pela solidão. Gostamos do isolamento e da liberdade de não depender de mais ninguém a não ser dos nossos próprios pensamentos, longe de quem vive o fado da banalidade.
Nós, os melancólicos, observamos os outros. A coberto da nossa distância passamos despercebidos entre os demais. Somos como mais um na multidão, sem que o nosso ser seja distraído pelas ambições que o mundo tem.
Nós, os melancólicos, conhecemo-nos na poesia. Como quem conversa intimamente com desconhecidos nos versos da nossa inquietude, a partilhar segredos obscuros nas palavras rimadas da nossa fantasia.
Nós, os melancólicos, amamos o infinito, onde não há fronteiras que nos imponham impossíveis. Queremos ter por destino o que está longe e nessa viagem expandir a nossa mente até ao inacreditável.
Nós, os melancólicos, repudiamos a tristeza pois conhecemos a sua sombra. Procuramos refúgio na noite como vampiros, ainda assim amamos a luz do sol e o calor, pois o fardo da escuridão na alma é demasiado penoso.
Nós, os melancólicos, temos o nosso nome escrito no livro da sabedoria. Fomos abençoados com a maldição de buscar o conhecimento. Abraçamos o castigo de caminhar em direcção à gnose. Convictos da nossa vontade, neste destino eternamente insaciável...
1 comentário:
Somente um melancólico como tu para descrever de forma tão eloquente e poética esse estado d'alma tão peculiarmente sensível.
Gosto de te ler! :)
Enviar um comentário