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quarta-feira, janeiro 07, 2015
Mais uma manhã
Estava num lugar onde o tempo não existia como o conhecemos, sem passado, futuro, ou presente. Havia movimento à sua volta, porém, era como se fossem águas paradas, sem correntes que as impulsionem. Não conseguia explicar. Simplesmente sabia que era assim: um tempo parado e simultaneamente em movimento, fora da existência.
Quis explorar o local em busca de outras consciências, no entanto, por mais que andasse, parecia que não saia do mesmo sítio, mesmo as paisagens sendo diferentes, o lugar era o mesmo.
O sol brilhava, mas não aquecia. Estava quieto, perfeitamente estagnado, há horas, há dias, há anos, desde sempre, ou desde nunca. Não passava de uma imagem pintada no céu!
Ocorreu-lhe então, de que não se lembrava quem era. Sendo assim, como era possível estar ali sem uma história que o contasse? Fez um esforço para se recordar. Pequenas vagas de lembranças foram chegando à sua mente. Breves fragmentos de vidas humanas excessivamente complexos e bizarros para que tivesse uma resposta clara. Contudo, chegou a uma conclusão: «Eu sou tudo!»
Esticou o braço para a frente e segurou todo aquele mundo, que se reduziu à palma da sua mão, como se fosse uma bola de papel amarrotada.
Fechou o punho. O interior começou a aquecer de forma intensa. Cada vez mais e mais e mais e ainda mais, até atingir uma temperatura impossível!
Nesse ponto explodiu numa derradeira exclamação de luz!
Ele acordou.
Recuperou totalmente a consciência. Quem era, onde estava. O tempo acontecia. A vida estava lá com as suas recordações. Mais uma manhã.
Ficou no entanto a dúvida:
Será que era sonho, ou lembrança?
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