segunda-feira, dezembro 08, 2014

A mudança


– Quem fez as regras? – Perguntei por entre o incerto do meu sonho vívido.
A resposta tardou.
– Deus… – Ouvi alguém sussurrar a medo. Mas aquela voz não vinha de ninguém com a devida autoridade para responder.
– Os homens. – Respondeu mais alguém, também a medo, sem se querer mostrar. A tentar esconder-se naquela espécie de escuridão, que não passava mais do que um vazio, que consistia na ausência de um corpo.
Eram outras consciências, que tal como a minha, ali estavam, meio perdidas. Cientes de que se encontram unidas numa espécie de visão translucida.
Um, mais ousado, certamente erudito, começou a perder a timidez e iniciou uma palestra, ou uma espécie de reflexão, de que as regras foram surgindo com o passar do tempo, num misto de conclusões entre homens, religião, bom senso e a nossa própria natureza.
Os mais religiosos também intervieram, dizendo que apenas Deus as podia ter criado assim, primeiro que os homens, para que estes as respeitassem e vivessem em comunidade.
Mas as religiões são muitas. Abundam e discordam entre si. Tal como as normas ditadas pelos homens, divididas por convicções políticas, ambições ou simplesmente teimosia.
Iniciou-se uma discussão entre intelectos apenas, ignorando onde estavam, quem eram, ou porque se encontravam ali. Apenas confrontavam as suas ideias defendendo aquilo em que acreditavam com total ferocidade, deixando a sensação de que a única e verdadeira regra era a anarquia.
– Pois se as regras foram surgindo ao longo das eras, porque não as podemos mudar hoje? – Questionei, elevando a voz por entre o burburinho.
Um silêncio, carregado de dúvidas, surgiu-me como resposta.
– Porque é que não podemos mudar as regras e com elas construir algo novo? – Continuei. Como se colocasse uma semente de incerteza, completamente nova na mente dos demais, que se tentavam entreolhar por entre o desconhecido que nos envolvia.
– Porque é que não podemos mudar as regras? – Repeti a pergunta.
Aguardei a resposta. No entanto ela não me chegou. Em vez disso surgiu o despertar.
Acordei.
A minha mente pairou na dúvida: Não sei se era sonho ou lembrança…
Rapidamente aquela memória estranha foi-se desvanecendo. Mas não sem antes que eu pudesse anotar o essencial. A questão que coloquei:
– Porque é que não podemos mudar as regras e construir algo completamente novo?

4 comentários:

Anónimo disse...

As regras são as mesmas que ditam que outros blogs,que falam de uma nova cor de baton,tem imensos comentários e tu...não tens nenhum!
É a estupidez a proliferar!
Beijinhos e continua a escrever*

António Silva disse...

lol fizeste me rir
Mas escrevo por prazer, não por comentários :)
Obrigado ;)

Anónimo disse...

Se tivesses as duas ´coisas' não era melhor?

António Silva disse...

Não sei. Não é o meu objectivo. Prefiro poucos e que gostem verdadeiramente :)