sexta-feira, novembro 07, 2014

O povo


O gordo soltou um peido. Cheirava tão mal! Parecia que nas suas entranhas existia uma fábrica de podridão, tal era o fedor de imundice que impregnava o ar. Aqueles que o rodeavam, imediatamente se afastaram cheios de nojo, com os vómitos a saltarem-lhes do estômago. Ele abriu um sorriso de orelha a orelha. Estava contente. Pouco se importou com a indelicadeza, ou com o mau estar provocado aos outros. Literalmente cagou-se para eles. Ignorou-os, gozou-os, simplesmente maltratou-os para seu próprio prazer.
O gordo era assim. Não se incomodava com quem se abeirava dele. Primeiro estavam as suas necessidades, vontades, luxos e caprichos. Não fazia mal se alguém desmaiasse diante dele e fosse bater violentamente com a cara na lama. Tanto melhor! Era da maneira que lhe servia de tapete, para não sujar os sapatos caros, de marca, imaculadamente lustrados. As pessoas não serviam para nada mais do que isso. Para alimentar os seus gostos e a sua avareza.
O gordo nunca falha. Por isso mesmo não admite ser criticado. Se por infortúnio acontecer algum erro sob a égide da sua pessoa, a culpa não é dele. Certamente é de algum factor externo, ou, da incompetência de outro qualquer. Nunca dele! Ai de quem tiver a ousadia de lhe apontar o dedo. Esse, desce ao nível mais baixo da educação humana, na rudeza do ataque pessoal e das palavras duras do politicamente incorrecto. Inadmissível!
O gordo contava histórias que faziam rir, sonhar e acreditar, àqueles que não o conheciam, que, saltando das suas cadeiras, lhe batiam palmas com grande entusiasmo. E diziam: “Ora aqui está um tipo porreiro, engraçado, que não tem maldade para connosco”. Mal sabiam eles que estavam muito longe da verdade. E aquele que agora estavam a idolatrar, seria o mesmo que os iria espezinhar. O povo é assim!

1 comentário:

Anónimo disse...

O cheiro dos peidos tem sempre a ver com a podridão da alma...