sábado, abril 13, 2013

CRENÇA IMORTAL


O vampiro escreveu um poema numa língua antiga, já esquecida no tempo. Foi assolado por recordações de quando, no seu peito, um coração batia quente e nele corria sangue humano. Tempos esquecidos na memória das gentes em que ele era um poeta. Nos seus versos escrevia contos de amor, beleza e dor, quando o sol podia iluminar os seus dias.
Mas essas lembranças são longínquas e até difíceis de compreender. Muito tempo passou e atrás dos tempos vieram tempos. Tantos que já não conseguia contar. Civilizações nasceram, civilizações morreram. Impérios foram criados, impérios foram destruídos. Deuses desceram à Terra, Deuses ascenderam aos céus. Eras caíram sobre outras eras apagando a suas memórias e vestígios. Lendas ficaram algum tempo, adulteradas e depois esquecidas como todo o passado.
Só a poesia se mantém imutável. Serva da beleza, do amor e da dor. Mundos vieram, mundos esqueceram-se. Só a poesia continuou igual. Por isso o vampiro continuou a escrever versos com o sangue da sua memória, a dor da sua emoção, a beleza que tanto venera e uma crença imortal no amor…



1 comentário:

Unknown disse...

Os vampiros são puro desejo de imortalidade. Fascinante e tentadora!