Um fio de sangue escorre pelo dente pontiagudo,
perfeitamente afiado. Uma tonalidade rubra suja-lhe o queixo depois de ter
saciado a sua fome. Observa agora o corpo despido de uma mulher, que jaz pálida no chão. A
pele rasgada na zona do pescoço, mesmo em cima da jugular, mostra que o ataque
foi rápido e eficaz. Onde antes havia vida e juventude, sobrava agora uma
carcaça escoada.
O vampiro, num gesto lento, limpa a boca à manga do
casaco já desgastado pelo tempo. Aquele sangue jovem reabasteceu-o de energia,
mas mesmo assim sentou-se junto ao cadáver que lhe serviu de refeição. Parecia
que estava em busca de cansaço...
De seguida acariciou as curvas daquele rosto. Tentou sentir remorsos por ter destruído algo tão belo, mas já há muito que os tinha deixado de ter. Afinal de contas, tudo o que fez foi antecipar o que mundo faria. Mais cedo, ou mais tarde, toda aquela beleza seria destruída, junto com os sentimentos. A vida com a sua amargura ia-se encarregar de apagar o sorriso daquela face ternurenta.
De seguida acariciou as curvas daquele rosto. Tentou sentir remorsos por ter destruído algo tão belo, mas já há muito que os tinha deixado de ter. Afinal de contas, tudo o que fez foi antecipar o que mundo faria. Mais cedo, ou mais tarde, toda aquela beleza seria destruída, junto com os sentimentos.
De nada lhe serviam os remorsos. Talvez, numa estranha ironia, o
vampiro tenha salvado aquele ser frágil de uma imensidão de mágoa. Levantou-se então, resignado com o seu destino obscuro e seguiu o seu caminho
solitário…
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