- O que és tu?
A voz acordou-me do meu sonho (ou chamou-me a ele). Não sabia
bem diferença do que era real ou não.
- Sabes bem o que sou! Sou fruto da tua criação… – Respondi
irritado.
- Não fui eu que te criei, apenas te dei as ferramentas para
te criares a ti mesmo. Por isso, volto a perguntar: O que és tu?
A voz não iria parar de argumentar enquanto não respondesse.
Portanto eu fiz-lhe a vontade: - Sou um demónio… – Respondi.
- Que resposta tão básica. Nem parece teu! Dá-me uma
resposta que me satisfaça e deixo-te ir.
Suspirei. Não tinha paciência para aquela conversa. O meu
mundo não era ali. – Deixa-me em paz. – Disse, na esperança que me soltasse.
- Não. Sabes muito bem que não. Só quando me deres a
resposta. – Afirmou a voz com tom severo.
- Um anjo. – Voltei a responder.
- Outro cliché! Um anjo e um demónio. Já está muito visto. Não
és assim tão básico. Exijo que me digas o que és? – A voz tornou-se mais severa
e agressiva. Não tinha outra hipótese que não responder.
- Maldito sejas! – Gritei raivoso porque a voz era a minha única
arma. – Fizeste de mim algo incompreensível, inexplicável e queres te diga
agora o que sou? Pois eu digo-te o que sou: Sou indomável, invencível, ordem e
caos! Mestre da minha própria existência! Tu não me dominas e jamais o farás! Sou
muito mais que o Infinito!
A voz não respondeu. Mas senti-a dentro de mim a esboçar um
sorriso enquanto se dissipava.
Não sei se era um acordar de um sonho, ou um adormecer
transcendente. Mas o que eu respondi, está respondido e é a verdade…
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