A sala estava muito pouco iluminada, a única luz existente provinha das duas velas acesas que se encontravam em cima da mesa perfeitamente posicionada no centro da divisão. Havia uma estranha energia no ar que antecipava algo que iria acontecer. O silêncio era tão forte que enlouquecia. Duas portas, uma a norte, outra a sul, davam acesso aquele obscuro compartimento situado sabe-se lá aonde. A única certeza era que algo ia acontecer.
A expectativa foi quebrada quando a porta do lado sul começou a ranger e lentamente se foi abrindo, revelando uma silhueta de mulher. Era ainda jovem, mas consigo trazia muitas vidas vividas, muitas mortes sofridas e a força daquelas que num passado de trevas padeceram entre o fogo. Os seus olhos brilhavam, lubrificados pelas lágrimas que só o amor pode criar. Ela ficou parada, olhando a outra porta, por entre a penumbra e o silêncio.
Não se sabe ao certo quanto tempo passou, até que a porta do lado norte se abrisse também, mas o ambiente gerado fez parecer uma eternidade. Então no outro extremo revelou-se outro vulto, desta vez masculino. Tinha o olhar frio e implacável de um guerreiro invencível, mas nas suas costas o peso de toda a mesquinhez que a vida possuiu. O seu rosto parecia cansado e o seu coração de pedra secretamente desejava bater quente.
Os dois dirigiram-se para a mesa, sentando-se um em cada extremo. Não trocaram palavras, mas os olhares que cruzaram falavam uma linguagem mágica que o mundo não compreende e com os seus conhecimentos ocultos, iniciaram um ritual de feitiçaria onde trouxeram à vida as amarguras suportadas pelos seus corações humanos. Ódio, amor, raiva, paixão, ganância… Tudo isto mostraram um ao outro, que com uma força que não pode ser compreendida foram aos poucos anulando. E lentamente uma luz interior renasceu neles. Já não eram os mesmos que entraram. Os seus rostos estavam diferentes. As forças ocultas que guardavam em segredo tinham-se restaurado num estranho ritual, onde energias opostas, masculino e feminino, anularam as correntes que os aprisionavam.
Sorrindo levantaram-se, saindo pelas mesmas portas que haviam entrado, deixando aquela estranha sala enfeitiçada, perdida num tempo e num espaço, onde magia aconteceu e corações se restauraram. Para, quem sabe, um dia voltarem…
Magica - All waters have the colour of drowning
5 comentários:
:)
Gostei mt do teu texto! :)
Acho que descreve uma historia que pode acontecer a qualquer um, a penumbra e a luz que faz parte das vidas de qualquer pessoa...
O olhar que vale mais que mil palavras... Adorei, simplesmente fantástico!
Romântico e algo que revela um pouco da magia que vivemos juntos... :)
Um beijinho mt grande pra ti!
Adoro-te! =)
Excelente...
Momentos de entendimento quase sobrenatural é raro acontecer, costuma-se dizer que uma "imagem vale por mil palavras" mas neste caso pode dizer-e que "um olhar vale por mil palavras".
É bom conseguir extravasar tudo o que nos vai na alma, coisas que muitas vezes não conseguimos transmitir por palavras mas que quando encontramos alguém com um pensamento similar ao nosso, saem naturalmente sem ser necessário recorrer a outros artefactos.
Uma réstia de luz no crepúsculo
Uma súplica presa na brisa
Um caminho sem fim
Pela terra da tua lembrança
Convido-te a ver as cores do diadema da Noiva do Mar
Mágico beijo
PORQUE É QUE NÃO SAÍRAM ELES PELA MESMA PORTA?
LISBOA - PORTUGAL
Olá Transcente!
Como vão os ovos moles? E as enguias (da Murtosa...)? E o moliço?
Cheguei a este blogue através de outros que costumo visitar e neles postar comentários. Cheguei, vi e… gostei. Está bem feito, está comunicativo, está agradável, está bonito – e está bem escrito. Esta é uma deformação profissional de um jornalista e dizem que escritor a caminho dos 67…, mas que continua bem-disposto, alegre, piadista, gozão, e – vivo. O meu primeiro nome é Henrique – e gosto dele. Podes tratar-me assim, que eu agradeço. E, já agora, sou do Partido Socialista e fui católico – mas… curei-me…
Só uma anotaçãozinha: Durante 16 anos trabalhei no Diário de Notícias, o mais importante de Portugal, onde cheguei a Chefe da Redacção – sem motivo justificativo… pelo menos que eu desse com isso… E acabo de publicar – vejam lá para o que me deu a «provecta» idade… - o me(a)u primeiro livro de ficção «Morte na Picada», contos da guerra colonial em Angola (1966/68) em que, bem contra vontade, infelizmente participei como oficial miliciano.
Muito prazer me darás se quiseres visitar o meu blogue e nele deixar comentários. E enviar-me colaboração. Basta um imeile / imilio (criações minhas e preciosas…) e já está. E se o quiseres divulgar a Amiga(o)s, ainda melhor. Tanto o blogue, como o imeile, tá? Muito obrigado
www.travessadoferreira.blogspot.com
ferreihenrique@gmail.com
Estou a implementar e desenvolver o projecto que tenho para o meu www.travessadoferreira.blogspot.com e que é conferir ao meu/vosso/NOSSO blogue a característica de PONTO DE ENCONTRO entre os Países fraternalmente ligados – Portugal e Brasil. E outros PALOP e etc…
Se me enviares o teu IMEILE, poderei enviar-te «coisas» que ache interessantes. Se, porém, não as quiseres, diz-me que eu paro logo. Sou muito bem-mandado (a minha mulher que o diga…) e muito obediente (cf. parênteses anterior). Abrações e queijinhos, convenientemente repartidos e distribuídos
– Desculpa por este comentário ser tão comprido e chato. Como a espada do D. Afonso Henriques…
- E, agora, uma publicidadezita, de que te peço desculpa antecipadamente. Já conheces o me(a)u «Morte na Picada» que acima menciono? Há quem diga que é muito bom. E até que é o melhor que se escreveu em Portugal sobre o tema. Dizem… Obviamente que não sou eu a dizê-lo… Só faltava… E também há quem tenha escrito que é SANGUE & SEXO… Malandrecos… Pelo sim, pelo não… compra-o. Não é um pedido, não é uma sugestão, não é um conselho. É uma ordem!.... hahahahahahahahahaha…
Depois de o leres, se, por singular acaso, tiveres gostado dele, terás de comprar muitíssimos mais exemplares. São excelentes prendas de aniversários, casamentos, divórcios, baptizados, e datas como Natais, Carnavais, Anos Novos, Páscoas, Pentecostes, vinte e cincos de Abris, cincos de Outubro, dezes de Junhos. Até para funerais. Oferecer o «Morte» na morte fica bem em qualquer velório que se preze. E, além disso, recomenda-o, publicita-o, propagandeia-o, impinge-o aos Amigos, conhecidos, desconhecidos & outros, SARL. Os euros estão tão raros e... caros...
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A editora da obra é a Via Occidentalis (occidentalis@netcabo.pt) cujo site é www.via-occidentalis.blogs.sapo.pt. Neste blogue podem ser consultados mais dados sobre o livro, cujo preço de capa é € 14,70. ATENÇÃO: Pode ser comprado pela Internet.
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NOTA IMPORTANTE: Este texto de apreciação e informação é similar em todos os casos em que o utilizo. Em muitos, com ligeiras alterações que o personalizam. Digo isto, para quem não surjam dúvidas ou suspeitas sobre a repetição em diferentes blogues. E para que ninguém se sinta ludibriado – ou ofendido… Há feitios que… Mas, sublinho, apenas o uso quando o entendo, isto é, quando gosto mesmo dos que visito. Nos outros onde também vou, se não gosto, saio sem comentários. Há muitos mais. Aqui na terrinha diz-se que «se não gostas, põe na beirinha do prato…»
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