sábado, outubro 05, 2024

De cabeça erguida


Sigo pelo meio da rua vazia 

Orgulhoso como um desistente

Exibo o meu sorriso descontente

Aos espectros na calçada sem vida


Sigo como uma alma perdida

Rotulado como demente

Na minha derrota permanente

Guiado por uma bússola partida


Sigo com passada destemida

Enfeitiçado pelo horizonte 

Rumo a uma meta inexistente

Onde encontre alguma guarida


Sigo de cabeça erguida

Alheio a toda a gente

De passada insistente

Numa jornada incompreendida


Sigo na certeza da dúvida

Fixado no transcendente

Desajustado continuo em frente

Apoiado nesta oposição destemida


Sigo sem que a minha voz seja ouvida

Desprezado e nunca subserviente

Que a sociedade me chame insurgente

Sem que a minha diferença seja aplaudida